História - O Velho Mago

Você havia deixado a velha cidade de Bri há poucos dias, um vilarejo rural do leste do país, numa região bem perigosa e com uma alta taxa de ataques de monstros, não havia nenhum motivo para estar lá se não para realizar uma pequena tarefa a qual havia sido encaminhado em um outro vilarejo, a oeste porém, numa vila portuária chamada Porto Real, lá, havia um enunciado que pedia pela busca de um pacote em Bri, uma espécie de encomenda para um velho que morava numa pequena cabana ao norte de Porto Real...
Há poucos dias você havia coletado o pacote com um velho e decrépito homem em Bri, com barbas crespas e grisalhas, pele escura e manchas por toda a sua extensão, cego em um de seus olhos e não muito falante, sua imagem lhe perturbou por algumas horas até o esquecer em sua viagem...
Estava retornando para Porto Real num entardecer, até encontrar uma estrada velha sobre uma Colina que te levaria ao norte até a descrita cabana do velho que havia lhe contratado, cansado pela viagem, não podia esperar para recolher o pagamento desta e retornar para sua família que a tempos lhe esperava...

Caminhando colina acima você sente a brisa suave do horizonte, parando por alguns segundos observava o oeste, havia um vasto oceano lá, não podia ver além do mar e das nuvens, sentia uma sensação boa, por algum motivo alegria, o sol se punha lentamente em direção ao mar aberto, fazendo com que o céu aos poucos alaranjasse..
Você toca a porta daquela velha cabana com as costas de sua mão e com três toques somente, ecoava um som oco para dentro da residência...
- Já vai... Raios! - Berrava uma voz rouca e mal humorada lá de dentro, não parecia muito amigável mas havia um tom curioso nele... A porta rangia e se abria bruscamente, revelando aquela figura alta, com vestes negras, pés descalços, uma longa barba grisalha e longos cabelos de mesmo tom, sua pele era enrugada e o nariz pontudo, as orelhas largas e os olhos profundos, suas grossas sobrancelhas envergadas lhe davam uma seria expressão de irritação, sobre sua cabeça havia um simples e bobo chapéu pontudo, ele segurava em sua mão esquerda um cajado, uma mão também velha e repleta de manchas, cortes e pus saltando para fora de suas juntas...
- E você é...? - Urrava de maneira grossa aquelas palavras, respirando tão forte que lhe soprava um cheiro de tabaco e erva verde na cara, sua presença era um bocado desagradável, mas ao mesmo tempo curiosa...

O velho constantemente rosnava como se fosse um motor funcionando, seu jeito de falar o fazia revirar os olhos e coçar as juntas de seu braço esquerdo com a mão livre, ele fitava o pacote também, mas nada citava, apenas se mantinha te olhando profundamente. O velho puxa do fundo de sua garganta um ranho melequento e cospe no chão ao seu lado, parecia estar com o nariz entupido, o fato curioso era de que o muco assoado era um éter azul e brilhante!
- Puxa vida! Mas que demora hein... - Reclamava se virando de costas e lentamente caminhando para dentro da pequena cabana, ela não parecia possuir muitos cômodos além da sala, um possível quarto e banheiro aos fundos. O velho parava após dois passos e te encarava, você não ousava adentrar sua casa pois ainda estava um pouco assustado com a cena, mas ele retornava a reclamar.
- O que foi? Por acaso você é um vampiro? - Berrava enquanto te observava estático parado em frente a porta por cima de seu velho ombro, você percebia que ele era bastante necessitado do cajado e inclusive andava meio curvado...

Você da o primeiro passo para dentro da casa e via lá dentro algumas mesas de canto, um guarda roupas, um móvel grande que replicava uma pia improvisada e outros vários tipos de coisa, em cada parede deveria haver pelo menos uma prateleira velha coberta de poeira, com livros e umas tralhas malucas, ervas com múltiplas cores, cogumelos plantados em potes e frascos para todos os lados, numa mesa maior num dos cantos perto de uma grande e velha cadeira, a qual ele se sentava, havia folhas de papeis, um tinteiro e caneta pena... O velho te encarava com aquelo olhar julgador e esperava de novo...
- O que está esperando? Traz aqui! - brigava, ordenando que colocasse o grande pacote sobre a mesa, você estava o carregando a bastante tempo mas sequer havia se perguntado o que tinha dentro...

Quando você perguntava, outra vez o velho te encarava profundamente por mais de dez segundos quem sabe, já estava se tornando algo cansativo e idiota, parando para observar, até que o decrépito novamente se punha a resmungar algumas palavras teimosas enquanto movia suas velhas mãos para abrir a caixa:
- Eu odeio ler! É um monte de bobagem escrita por um monte de idiota... Mas infelizmente se precisa aceitar esse monte de bobagem para aprender coisas diferentes... - Dava a própria opinião sobre os livros, enquanto finalmente abria a caixa revelando... Era um grande livro aparentemente encapado em algum tipo de pele, costurado e repleto de inscrições estranhas, no meio dele havia um cristal convexo, cristalino e cerúleo... O velho se esforçava para emitir um sorriso malicioso, depois voltava a sua expressão séria e amedrontadora...
- E você? - Perguntava algo totalmente desconexo, sem alguma resposta óbvia aparente...

Outra vez ele lhe encarava profundamente na mesma intensidade de sempre a observar no fundo de sua alma, começava a pensar que o velho imaginava-se cometendo atrocidades ao te olhar dessa forma, porém, na ultima encarada havia o diferencial de apenas uma sobrancelha envergada como se estivesse confuso com seu comentário.
- Não perguntei se gosta de ler seu palerma, perguntei o que ainda faz aqui! - Respondia uma bronca para ti, urrando algumas palavras num tom zangado enquanto sinalizava com ambas as mãos para que se esvaísse de sua casa, definitivamente não era nem um pouco amigável com visitas e já lhe mandava sumir...
Ao desviar o olhar para uma das pequenas janelas percebia que já havia anoitecido e o sol desaparecido no horizonte.

Bem... Você segue em direção a porta a passos lentos, olhando por cima do ombro enquanto o velho se perdia nas escrituras daquele livro, porém, antes que abrisse a porta ouvia-o exclamar algo num tom repentino, te fazendo virar o corpo novamente em sua direção esperando:
- Ah! Já ia me esquecendo... - Dizia, o que lhe trazia uma certa esperança, porém o clima logo era quebrado no momento em que sua voz rouca e ranzinza finalizava sua frase.
- Vê se fecha a porta direito quando sair, a maçaneta dela é velha! - E te deixava livre para abrir e sair de sua casa, sinalizando o mesmo movimento com as mãos de "cho cho"...

Você partia estrada afora um pouco frustrado com a atitude do velho e sequer conseguia descobrir se havia sido por esquecimento ou ele realmente estava lhe passando a perna, mas, decidido virava-se em direção a casa em meio a noite para confrontá-lo! Você toca a maçaneta e abre a porta, assustando o velho que tossia, ele estava fumando um cachimbo enquanto lia o livro, te encarava com um olhar fulminante antes que pudesse falar, mas você falava!
- Pagamento? Puxa vida, como você é exigente... - Dizia, se levantando em sua tremenda velocidade anciã, caminhando até uma das portas ao fundo que provavelmente daria em seu quarto, após um minuto inteiro ele retornava com uma pequena bolsa de moedas e jogava sobre a mesa onde ele jaz se mantinha lendo... Você caminhava e pegava o saco de moedas, mas antes que pudesse sair, o velho lhe questionava.
- Garoto, qual seu nome? - Algo fora do comum da figura que lhe fora apresentado até então...

Ele expira com força ao ouvir seu nome, parecia não haver lhe agradado, mas ele continuava em silêncio passando sua decrépita mão direita sobre sua crespe e grisalha barba... Pensativo lhe voltará a observar de pés a cabeça antes de perguntar-te então:
- Você sabe o que é isto? - Movia o enorme livro curioso para perto de ti, revelando-os símbolos estranhos que antes de ponta cabeça para ti, não ajudava muito, você ainda não fazia a menor ideia do que era, mas podia observar com clareza o brilho do cristal central...

- Pelo visto não conhece a antiga magia Arcana... Lamentável! - Dizia, erguendo-se de sua cadeira velha e trazendo o livro de mal jeito com a sua única mão disponível, já que a esquerda havia de constantemente carregar o cajado... O velho curioso caminhava até um criado mudo onde havia uma gaveta e a abria, parecia revirar algo.
- Eu havia pedido esta encomenda há meses, mas todos os aldeões de Porto Real se recusavam a trabalhar em nome do Grandioso Lucain, por que você não o fez? - Perguntava, parando com todos os seus movimentos que buscavam algo na gaveta e lhe encarava sobre o ombro...

O velho mago alisava sua velha barba por alguns instantes pensando profundamente sobre o assunto, ele erguia o livro sobre o criado mudo e pensava por mais uns segundos, folheando suas páginas até exclamar:
- Ah! Então é isso... - Retornava em seus lentos e vagarosos passos, mantendo o livro ali onde ele estava, você podia ver uma de suas páginas, haviam desenhos curiosos de ingredientes e no topo da página uma palavra em língua comum "Éter Divino"...
- Pois bem, acredito que possa me ajudar em mais algo e poderei lhe pagar um extra, moleque! Me diga, você sabe fazer magia? - Te questiona..

- Magia você desenvolve por conta própria, não é algo que se ensine, mas não tem problema... Eu preciso que você encontre um spriggan e use isto para absorver um pouco de sua magia! - Puxava um pequeno cristal azulado, cabia na palma de sua mão, ele era opaco porém, parecia bem frágil e era bem curioso. Após lhe dizer o que queria o velho mago esperava sua resposta, lhe encarando da mesma forma de sempre, era anormal o jeito que ele falava sempre, esperando que fosse entender cada citação de criatura ou poder avançado...

- Ah essa juventude não sabe de nada...! - Exclamava coçando sua cabeça enquanto pensava, novamente se movendo de canto a outro pela sala buscando alguns conjuntos de itens, trazendo sobre a mesa um pano com algum objeto embrulhado.
- Não sabe magia, não sabe o que é spriggan, nem deve ter capacidade de se proteger! - Revelava uma velha espada que ele tinha guardado, abrindo sobre a mesa o pano e lhe deixando a mostra.
- Uma criatura verde feita de madeira e energia da natureza, a pedra vai absorver o espírito dela mas precisa estar morta... - Dava então a explicação do que de verdade seria sua missão.

Espada Curta

Escala: 1 Poder: 4
Descrição: Espada leve de dois gumes e ponta perfurante.

Oculi Pequena
Preço: ???
Tamanho: 1
Descrição: Um fragmento de Oculi que carrega o Mana a partir de almas absorvidas, uma alma deve ser inserida na Oculi e requer o gasto mínimo de 50 de Mana para ser ativa quando for carregada.

O velho expira forte mais uma vez após outra pergunta, ele coça seu pulso esquerdo como um tique nervoso e depois volta a alisar suas barbas.
- São guardiões da floresta, tenta, é... dar um soco em algum arbusto... E para o matar, bata nele até ele morrer! - Respondia o velho, não sabia se era uma brincadeira ou falava sério, mas esta era a resposta dele.

Enquanto te preparava, coletando os itens e equipando-os mirava em direção a porta, despedindo-se e anunciando seu breve retorno, confidente de que iria retornar sem problema algum, o velho revirava os olhos e gritava ao fundo, apenas no eco de sua moradia fechada...
- Demore o quanto quiser!! - E então, apenas o silêncio pois agora em meio a noite tu podia explorar todo o cenário com seus olhos. Haviam vales em todo o horizonte, porém em alguns cantos distantes, coisa de quilômetros, você conseguia ver pequenos amontoados florestais, nenhuma floresta realmente grande, mas pequenos bosques espalhados pelos campos.