Aventura - Tirano

Garon estava a bordo de uma carroça a caminho de Liones. O caminho já tomava vários dias, e Garon sobrevivia no pão e água que encontrava dentro da carroça. Junto dele, duas outras pessoas e um condutor na frente. Ninguém se falava ou havia trocado uma palavra nos últimos dias. O homem não sabia ao certo quanto ainda se faltava para a chegada em Liones, mas devia estar perto.

Os dois homens levantavam sua visão para Garon. Suas faces retorcidas por cicatrizes demonstravam uma vida de prováveis batalhas, Garon, sendo astuto, não iria precisar pensar muito para deduzir o por quê de estar nessa carroça. Pareciam ser dois fugitivos perigosos, e não falavam uma palavra para a pergunta de Garon, simplesmente ignoraram-o de forma grossa.

Garon insistia, e os homens o olhavam de volta. A insinuação sobre as cicatrizes parecia ter sido uma provocação, no mínimo, mal colocada. -Deveria calar a boca, velhote, antes que alguém cale pra você. Disse um dos homens, retirando uma grande faca da cintura, e apontando-a na direção de Garon.

Os homens relaxavam novamente e ficavam quietos assim como Garon. Uma diminuição súbita na velocidade da carroça atraiu a atenção de todos os três para o caminho que tomavam. Algum tipo de bloqueio de estrada formado por aparentes soldados que estavam bem equipados. O condutor começava sua parada e Garon podia ver o nervosismo no rosto dos dois fugitivos.

O fugitivo recebia o chute e os soldados eram alarmados. Vários eventos aconteciam ao mesmo tempo, mas para o azar de Garon, os soldados consideraram todos na carroça fugitivos perigosos. O fugitivo que não fora atingido começou a correr ao sair da carroça, e o caído era prontamente preso. Outros dois prendiam o condutor. Garon estava cercado por pelo menos três soldados, que ele conseguia ver.

Os soldados, contentes com a fácil rendição de Garon, amarraram-no as mãos e o conduziram até a carroça que levavam os prisioneiros. Ali, já estava o fugitivo que Garon havia chutado, ambos sentados um de frente para o outro. A carroça não se movia, provavelmente por causa da busca dos soldados pelo terceiro homem, mas a face do fugitivo já preso não era boa na direção de Garon.

-Você tá morto, velhote. Disse o fugitivo. Após algum tempo de espera o terceiro fugitivo chegava a carroça, também amarrado, alguém batia duas vezes na traseira da carroça e os cavalos começavam a andar. Para a sorte de Garon os soldados eram do Reino de Liones. Isso significava que, no mínimo, acabaria numa prisão em Liones. Ambos os fugitivos olhavam para Garon a todo tempo, o ódio estampado em suas caras.

Os soldados ignoravam Garon por um momento, mas durante o final de seu discurso gritavam batendo na carroça, -Cala a boca, prisioneiro, você será informado de seus crimes ao chegar no Reino para ser julgado. Disse um dos guardas, farto da falação. A viagem continuava sem que os soldados ou os fugitivos partilhassem de qualquer informação para Garon, mas o silêncio e calmaria da viagem fora cortado de repente pelo assobio do vento.

Uma flecha atingia o soldado mais próximo de Garon, que caía morto logo depois, os dois fugitivos, aparentemente preparados para isso, atacaram os outros dois mais próximos deles. Além dos dois soldados pilotando, havia mais um próximo a Garon, vivo e assustado pela súbita mudança no itinerário da viagem.

O Soldado, em pânico, cortou as amarras de Garon. Vendo no velho sua única saída sali. -Certo, tire me daqui-. Uma flecha cortou a fala do soldado, alojada agora em seu peito. Garon podia ver e ouvir a batalha se desenrolar, e deveria sair dali o mais rapidamente possível.

Garon corria tanto quanto podia, sua fuga seria sucedida se não por um passo de má sorte. Assim que descera da carroça, encontrara um duelo entre um dos fugitivos e um dos soldados. Não apenas pararam sua luta, começaram a perseguir Garon, aparentemente o ódio do Fugitivo para com Garon e o sentido de justiça do soldado eram equivalentes.

Uma corrida se revelava, e quem chegasse primeiro sairia dali vivo.

Andar reto não era a melhor opção. Os homens, mais joviais, estavam para alcançar Garon. Teria de começar manobras evasivas pela floresta, apesar do perigo de se machucar, era sua melhor chance para não ser pego com facilidade.

Garon, por um momento, conseguia esboçar uma reação mais rápida que a deles, mas ao tentar utilizar sua capa fora surpreendido por uma súbita desaceleração por causa do puxão na capa antes que ela estivesse solta. Os homens agora o cercavam, um na frente e outro atrás, pouco mais de dois metros distanciava Garon de cada um.

Os homens pensavam por alguns segundos, mas de qualquer forma, as palavras de Garon os pareciam vazias. Numa investida conjunta avançaram contra Garon, o soldado com um soco na altura de sua face e o Fugitivo com uma joelhada na barriga.

Garon tentava uma estratégia ousada, mas nem sempre ser ousado era a melhor maneira de se lidar com uma situação. A joelhada acabara com sua postura e o fizera curvar-se, perdendo a capacidade de aplicar o soco contra o fugitivo, o soldado atacara impiedosamente com um soco na face que o jogara ao chão -30. Para a sorte de Garon, o soldado e o Fugitivo agora se encaravam e, como deve ser, iniciavam uma pequena briga entre eles.

O velhote no chão permanecia pouco menos de dois metros dos dois homens trocando socos.

Se posicionando nas costas do fugitivo, Garon aplicava um chute que derrubava o Fugitivo encima do soldado, fazendo ambos tomarem algum dano (10 e 5), e perderem alguns segundos no solo. Estavam vulneráveis, mas Garon também poderia tomar essa chance para fugir dali, com alguma sorte.